domingo, 19 de outubro de 2014

João e Maria

João e Maria são irmãos. Vivem com o pai e a madrasta numa pequena casa na Vila dos Esquecidos.   A mãe dos meninos morreu quando eles ainda eram  pequenos, a nova "mãe" não gosta das crianças. Implica todo o tempo e exige que o pai "dê um jeito nelas!"
João e Maria vão para a escola. Lá eles ganham da professora lápis, borracha e cadernos, pois a madrasta acha bobagem gastar tanto dinheiro com a educação das crianças, afinal, eles tem mais coisas com que se preocupar.
Na escola, Joãozinho gosta dos números, da tabuada, das continhas. Já Maria gosta de escrever e ler poesias. Seu sonho é ser poeta. Na escola, decorou uns versos  que a professora recitou para eles "Arabela abria a janela, Carolina erguia a cortina e Maria olhava e sorria Bom Dia!"
- Cala a boca, menina! Para com esta chatice e vai lavar tua roupa e do teu irmão! - a "mãe" não gosta de poesia, pensa, deve ser porque não sabe ler e escrever. Mas se tivesse ido à escola, certamente ia gostar assim como ela, das poesias e histórias que ouvia da professora. "Arabela foi sempre a mais bela, Carolina a mais sábia menina. E Maria apenas sorria Bom Dia!"
Os pais andam brigando muito. A madrasta quer um banheiro na casa com chuveiro, mas as coisas andam difíceis.
Joãozinho começou a trabalhar com o pai numa obra. Ajuda carregar sacos e pedras. Na obra fica contando quantos sacos são usados por dia e medindo o tamanho das paredes. Quando viu a planta do prédio, como aqueles gráficos, números... ficou encantado: "quero ser engenheiro!" Quando chegou e em casa, correu para contar pra Maria.
Ela estava chorando. Havia brigado com a madrasta porque esta queria tirá-la da escola.
As coisas andam difíceis...
Maria agora trabalha meio-turno na casa de uma senhora idosa. Arruma as coisas e faz companhia. Nos momentos livres, lê suas histórias e rabisca poesias. Joãozinho agora estuda à noite para poder trabalhar o dia inteiro.
No outro lado da cidade vive Regininha. É a filha mais nova de uma casal de médicos. Estuda pela manha e à tarde faz aula de pintura e inglês. Seu pai diz que é importante saber falar outros idiomas. Nas últimas férias viajaram para o México e ela ficou encantada com o espanhol. "Papai, este ano quero também aprender espanhol!" Regininha já havia ido à Miami em anos anteriores e por lá se fala muito o espanhol.
Joãozinho abandonou a escola. Não conseguiu concluir os estudos. O trabalho na obra é cansativo e havia dias que ele não tinha ânimo para estudar. Tinha faltas demais e decidiu parar de estudar. Se der, mais adiante ele continua. Mariazinha concluiu o ensino médio e sonha em ir pra faculdade. Ela está pensando em  pedir para a senhora que aumente seu salário a fim de que ela possa economizar para pagar as mensalidades.
Regininha faz cursinho pré-vestibular. Quer ser médica como seus pais e o vestibular é concorrido. Precisa esforçar-me muito.
Nos intervalos do cursinho, ela e os amigos conversam sobre a vida e os plano para o futuro.
Andam falando que as universidades deverão oferecer vagas para negros e alunos de escolas públicas. Ela e seus amigos ficam indignados com isso! Onde já se viu! Cotas?! Que absurdo! Por que alguns tem que ser privilegiados com cotas? E ela? Se esforçou tanto, estudou? Seu desempenho não vale nada? Por que essa gente não estuda e se esforça como ela? Que injustiça! As chances tem que ser as mesmas para todos,  afinal, SOMOS TODOS IGUAIS, NÃO?
"Pensaremos em cada menina, que vivia naquela janela. Uma que se chamava Arabela, outra que se chamou Carolina. Mas a nossa profunda saudade é Maria, Maria, Maria, que dizia com voz de amizade: Bom Dia!"*
* As Meninas, Cecília Meireles




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

"Porque o negócio é levar vantagem em tudo, certo?"

"Por que o negócio é levar vantagem em tudo, certo?"

Você lembra deste bordão?
Nos anos 80, Gerson, famoso jogador campeão pela seleção brasileira de 70 estrelou uma campanha publicitária de cigarros, onde dizia esta frase. Ela revela muito sobre nossa cultura e a maneira como nos posicionamos diante das coisas.
Quem não gosta de ganhar? Quem de nós não busca o melhor para si? E não há nada de errado nisto. O problema, é quando o desejo de "se dar bem" é maior do que a ética e do que é moralmente correto. Quando "se dar bem" torna-se tão importante que acabamos querendo sempre "levar vantagem" sobre o outro, a qualquer custo.
Este pensamento tem estado tão arraigado em nossa cultura que nossa sociedade educa seus filhos para sempre levarem vantagem. No convívio com os outros, nossos filhos podem bater, mas não podem apanhar...
E o resultado é o que vemos por aí: estacionamos onde não devemos, passamos no sinal vermelho, furamos a fila no supermercado, no banco, queremos ser atendidos com preferência na loja mesmo sabendo que outros esperam há mais tempo que nós, sabotamos a equipe rival na gincana.... e assim por diante.
Esquecemos de ser gentis, de perdoar, de deixar passar, de renunciar, de dar a mão, de "abrir mão"... simplesmente "por que o negócio é levar vantagem em tudo, certo?

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

"A Arte de ficar calado" - QUE NADA! VAMOS BOTAR A BOCA NO MUNDO!"

Você já ouviu sobre a "arte de ficar calado"? Não é uma das linguagens artísticas às quais tenho me dedicado a estudar e apreciar, mas pensando nos últimos anos da minha vida, penso que a tenho praticado demais.... especialmente no que se refere a política...
Sempre tive posicionamentos políticos bem definidos: na adolescência me tornei comunista: queria uma sociedade mais justa, sem diferenças sociais e econômicas. Ainda na faculdade, me descobri PTista. Ah, como tínhamos orgulho de segurar nossas bandeiras vermelhas e caminhar pela esquina democrática, motivados pelo sonho de ver o LULA comandar este país! E  este sonho tornou-se realidade em 2002. Parecia mentira quando vimos "O CARA" subindo a rampa do planalto e receber a faixa de presidente! E as mudanças começaram a acontecer: programas sociais, investimento em educação e cultura, e o resultado todo mundo conhece: milhares de brasileiros saindo da linha    da pobreza, polos universitários pelos quatro cantos (Olha aí o POLO SAP!) jovens de classes mais baixas ingressando na Universidade graças ao sistema Pro-Uni, Cotas...).
Aí vieram os escândalos envolvendo alguns daqueles em quem tínhamos depositado nossas esperanças... Muitos de nós guardaram suas bandeiras vermelhas, pois sempre tínhamos contra nós alguns dedos em riste: "viu? olha aí a roubalheira!" 
Os partidos de oposição, como se nunca tivessem se envolvido em falcatruas, como se a corrupção fosse uma invenção do PT, tripudiaram em cima dos nossos sonhos e muitos de nós "se recolheram e calaram".
Mas agora amigos, é chegada a hora de mudar este quadro. 
O PARTIDO DOS TRABALHADORES precisa de nós! Vamos novamente erguer nossas bandeiras como fazíamos a 20 anos atrás e com o mesmo orgulho, com a mesma garra e confiança, VAMOS VIRAR ESTE JOGO!
DILMA E TARSO precisam da nossa luta! 
Pegue sua bandeira, sua roupa vermelha e vá para a rua! Porque o BRASIL precisa continuar avançando!